sábado, 2 de outubro de 2010


Gosto de videogames mais do que os jogo. Mas nem por isso deixo de ter meu Playstation. Eventualmente ainda dou meus tiros.

Semana passada baixei o demo de um jogo chamado Mafia II. É o que você imagina, tiroteio estilo Mario Puzzo, mas com os automóveis que você nem sonha. O jogo se passa nos anos 50 e, além da qualdiade das imagens vêm com um trilha sonora muito, mas muito boa. O melhor dos anos 50 em 3 Cds, é minha opinião. Conversamos sobre isso outro dia aqui. Esta trilha foi feita com o capricho que raramente se vê no cinema, mesmo por quê os jogos eletrônicos são hoje uma indústria maior que Hollywood.

Baixe a trilha sonora. Se não curte um videogame, ok eu te desculpo. Mesmo assim, peça ao filho, neto ou sobrinho para te mostrar o jogo e admire os carros desfilando com uma trilha sonora da pesada, como só uma produção desse quilate pode produzir. Muito, mas muito legal mesmo.

Abaixo algumas telas do jogo. A qualdiade é esta mesmo, não têm Photoshop aí não. Os carros têm pequenos detalhes que os diferenciam dos verdadeiros. A lista parcial está aqui.



Sobre automóvel, aliás qualquer assunto, sou realmente singular. Um de cada vez. Não consigo descansar enquanto o assunto ainda me fascina. Por isso raramente me ocupo de duas coisas ao mesmo tempo. Se leio Jorge Amado, serão 3 ou 4 livros de uma vez. Quando descobri o chesse cake de cassis fiz dele minha sobremesa por 2 anos. E sobre automóvel, bem, sempre um de cada vez. Na época do Dodge Dart mergulhei de cabeça no assunto, construí em html (blog nem sabia que existia) o site www.dodgedart.com.br, brincadeira que me tomou seis meses de trabalho madrugada a dentro. Com o Camaro foi a mesma coisa, mas isso foi depois deste blog aqui. Aí veio o Ford e, bem, já estou nessa há mais tempo do que com qualquer outra coisa de que tenha gostado na vida, excetuando minha esposa. Como ela, o Ford não se esgota em surpresas e a admiração é crescente, em que pese se situarem em dois planos bem distintos de minha afeição.

Eu adoraria ter tempo para reunir num só artigo tudo o que aprendi e li sobre os Fords 1949/51. Não tenho nada de novo a acrescentar. Minha contribuição seria juntar as fontes, organizar as informações. E em português para pelo menos o pequeno Tales ler um dia.

Se você sabe pouco sobre o desenvolvimento deste carro em particular, talvez esteja se perguntando o por quê deste interesse e se o assunto suscita um tal esforço mesmo. No caso do meu querido Shoebox sim, a sua história têm diversos protagonistas, homens habilidosos e motivados, comprometidos com a missão de salvar a Ford. É graças a eles, é bom que se diga, que você e eu hoje podemos curtir Mustangs e Thunderbirds, para citar apenas alguns ícones. E olha que estas palavras não são minhas, mas de um jornalista experiente que escreveu a respeito.

A história do Novo Ford para 1949 poderia ser contada a partir do nascimento da Ford Motor Company e pela maneira como sempre foi administrada. Há um fio condutor aí, desde a constituição da empresa em 1903 até o início de 1946, quando seu prejuízo operacional, em valores da época, era de 10 milhões de dólares ao mês. Este elo é a maneira como a empresa sempre foi administrada por seu fundador. Quando se dá o vácuo criado pelo afastamento de Henry Ford por graves motivos de saúde, a já ineficiente e obsoleta operação da empresa cai nas mãos de um simples chefe de operações e o truculento segurança particular de Henry Ford, só por que privavam de sua total confiança. Assim resumido este período da história da companhia, talvez não haja como transmitir o senso de urgência e iminente catástrofe com que Henry Ford II teve que ser dispensado pelo próprio Eisenhower do serviço militar a fim de assumir, contrariando a vontade do avô que em primeiro momento não cede completamente, o comando da Ford como seu CEO finalmente no outono de 1946 se não me engano. Por isso que eu penso que o Ford 1949, como ficou conhecido, foi fruto da necessidade maior, e também da sagacidade e criatividade de muitos.

Seu significado para a Fomoco não é o mesmo que terão, anos mais tarde, os Chevrolet 1955, 56 e 57 para a General Motors. Era tudo ou nada, bola ou búlica. Tanto o é que, exceto o motor, todo o carro foi desenhado, projetado, construído e posto à venda no prazo recorde de dois anos e meio. Quem faria isso se não por, digamos, urgência?

É preciso dar muita atenção, quando o dia de escrever sobre isso chegar, ao desenho do Novo Ford para 1949. Que é a parte mais interessante de todo o então chamado projeto X-2900 por sinal. Sem dúvida alguma um projeto original e revolucionário, que eu não acredito mais ter sido influenciado pelo trabalho da Studebaker. Se existem provas em sentido contrário, ainda não as conhecemos. Os homens que em 3 meses desenvolveram a partir de um rascunho no papel não só o desenho mas o modelo em tamanho de 1/4 do original em argila, merecem todo o nosso reconhecimento, em que peso o nome de dois deles só ter sido conhecido, por questões éticas, apenas uns 20 anos atrás.

Mas isso é papo pra outra hora. Eu quero é publicar estas fotos, clicadas em março de 1948 na Flórida.

É o seguinte. O Ford foi lançado em junho de 1948 como modelo 49, numa grande festa no Waldorf Astoria, em Nova York. O segredo era absoluto, total. O risco, imenso.

Estas fotografias só chegaram à tona agora que o Google digitalizou todo o acervo da LIFE Magazine.

São mais de 230 fotografias sobre os três dias dedicados à fotografar e filmar o novo Ford para a pesada e maciça campanha de publicidade que estava por começar. São fotos dos primeiros veículos sendo transportados para a locação, aqui vistos ainda nos caminhões que os transportavam, em sigilo absoluto, para a ocasião. Por este motivo, serem fotos de um segredo que não mais o é, são todas emblemáticas, belíssimas. E muito bem produzidas. Henry Ford não poupou gastos. O mercado sabia que a Ford se mobilizava há anos em um novo carro, mas desconhecia o que ele representava. Como dito, o carro em si só foi apresentado três meses mais tarde, em junho do mesmo ano, num furo de reportagem da Popular Science, conseguido a duras penas em longas negociações com o pessoal da Ford.

As fotos a seguir, esclarecendo melhor, não são as oficiais, mas as que foram clicadas pela LIFE Magazine, que acompanhou a equipa da Agência contratada pela Ford, nos 3 ou 4 dias de locação. Não sei por que, mas a LIFE não publicou estas fotos, pelo menos não estão em nenhuma edição de 1948 ou 49. Se flagraram o segredo, por que não o publicaram? Não sei. Até o dia em que o acervo deles foi parar na rede, as pessoas simplesmente ignoravam esta oportunidade histórica que foi registrada por eles.

Toda essa bateria de fotos não cabe num só post. Eu me dei ao trabalho de baixar todas que consegui, ordenar cronologicamente ou pela locação e vou publicar aqui. Sem isso, é mais material dando mofo no meu HD e, pior, deixo de evangelizar os novos autoentusiastas pela história deste grande carrinho. Por isso, vou ter que separar em 6 ou mais partes esse post.

Para terminar, foi escrevendo este post e revendo as fotos que acabei de descobrir exatamente onde elas foram clicadas! Quer o endereço completo para ir lá visitar? Foi no número 201 da Trismen Terrace, Orlando, Florida. Como eu descobri isso? Veja o detalhe ao lado. Pelo Google Street View a mansão que veremos em outro post não está mais lá, hoje é um confomínio de luxo. Chata esse internet…

A seguir, os Novos Ford para 1949 chegando para a sessão de fotos que ninguém mais se lembrava ter existido. Atente para a foto em que se vê um modelo 47 se não me engano e um pedacinho de um A. Eles serão colocados lado a lado com os 49 e mais um modelo T para comparar a evolução da família Ford, em fotos que publico mais tarde.